sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PESQUISADORES DA -UFSC- SUBSTITUEM AREIA POR CINZA DE CANA-DE-AÇÚCAR NA PRODUÇÃO DE CONCRETO

Corpo de prova - Concreto de cinzas de cana-de-açúcar
Crédito da Foto: UFSC
Estudo constatou que mistura ganha mais resistência com novo agregado. Agora, concreto passa por testes de durabilidade
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) conseguiu achar uma utilidade para as cinzas resultantes da queima do bagaço de cana: a produção de concreto, em substituição à areia. A produção consiste primeiramente em um processo de peneiramento, para retirar pedaços de bagaço de cana que não foram queimados, e depois em um processo de moagem, para o acerto granulométrico, de forma que os grãos da cinza fiquem com tamanho semelhante aos de areia. A primeira fase é dispensável quando a usina produtora de etanol utiliza fornos mais novos, que conseguem queimar o bagaço por completo.
Segundo Almir Sales, coordenador da pesquisa da UFSCar, numa mistura com uma substituição de areia por cinza de 30% a 50%, o concreto ganha até 17% mais resistência. Com isso, a quantidade de cimento presente no concreto poderia diminuir, mantendo a mesma resistência.
Essa substituição é possível devido às características granulométricas da cinza, que são semelhantes à da areia natural, com uma porção cristalina e alto teor de sílica. Com uma possível troca de materiais, a retirada de areia dos leitos dos rios, que vem sendo dificultada por questões ambientais, poderia diminuir significativamente. Algumas licenças para extração já estão sendo cassadas, o que diminui a oferta do agregado no mercado, elevando seu preço. "A vantagem se deve às propriedades de compactação e empacotamento dos grãos de cinzas que, por serem mais uniformes, têm preenchimento melhor do que os de areia natural", afirma Sales.
Os pesquisadores estão na etapa de testar a durabilidade do concreto, que deve ser parecida com a do concreto normal. Esta etapa está sendo feita em uma câmara que acelera o intemperismo por 12 meses. "Os resultados preliminares são animadores", garante Sales. Logo após, será feita uma avaliação sobre os impactos sobre o meio ambiente. O pesquisador estima que o estudo esteja finalizado até maio de 2011.
O objetivo da equipe é introduzir a inovação no mercado da construção civil por meio das prefeituras. A ideia é estimular primeiramente o uso do concreto de cinzas na infraestrutura urbana, na construção de sarjetas, meio-fios e bocas de lobo, por exemplo, para depois conseguir investimentos de empresas privadas.
Sales estima que, se o concreto realmente for ao mercado, deverá ser 10% a 12% mais barato, devido ao baixo custo da cinza da cana-de-açúcar e à diminuição do volume de cimento no concreto.
O grupo vem tentando, há 10 anos, substituir os agregados do concreto. Em um primeiro projeto, Sales descobriu um composto que pode substituir a pedra britada no concreto. Trata-se de um agregado artificial feito com serragem de madeira e lodo de estações de tratamento de água. A substituição da pedra por esse composto deixou o concreto 30% mais leve e com condutividade térmica mais baixa.
Fonte: Portal FAPESP – Maurício Lima

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