quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SETOR DE CANA QUER "POLÍTICA PÚBLICA" PARA HAVER SALTO NA PRODUÇÃO

O setor de açúcar e etanol brasileiro, frequentemente considerado um dos mais eficientes no mundo, avalia que um salto na produção só virá no momento em que o governo definir claramente políticas públicas que incentivem investimentos, especialmente estrangeiros, afirmaram dirigentes de entidades que representam as regiões produtoras do País.
Questões ambientais, insegurança jurídica para investimentos em terras e problemas tributários foram citados em uma conferência em São Paulo como os grandes gargalos para o crescimento do setor.
"Para passar de uma produção de 600 (milhões de toneladas de cana) para 800@ 1 bilhão, acho que precisa de muito dinheiro, e é preciso de política pública pra isso. Neste momento, o sinal não é claro para que os produtores invistam," declarou o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, que representa as usinas do centro-sul, região que responde por cerca de 90% da produção nacional.
Ele se referia a problemas tributários, como a diferença de impostos entre Estados, que acabam limitando a competitividade do etanol, dependendo da região, além da incidência de outros tributos que não deveriam ser barreira para a produção de um combustível renovável.
Jank também se queixou da fixação do preço da gasolina, que pouco oscila por determinação do governo federal, reduzindo as margens de ganhos das empresas com o etanol.
"A margem de lucro continua apertada porque o concorrente do etanol tem preço controlado," afirmou ele durante palestra em seminário internacional da Datagro, lembrando que a cotação é fixada pela Petrobras.
Atualmente, é mais vantajoso produzir açúcar, com preços relativamente elevados no mercado internacional, do que o biocombustível.
O presidente da Unica falou também sobre o que qualificou como "insegurança jurídica com as terras."
"No momento em que pode ter um crescimento, vem nova restrição ao capital externo," declarou. "Todas as indicações apontam para uma perspectiva de crescimento, o que não faltam são horizontes, mas para que os investimentos ocorram, tem que ter políticas públicas que garantam os investimentos."
O presidente da Orplana, organização dos plantadores de cana, que conta com associados em vários Estados do centro-sul, Ismael Perina, concordou com o presidente da associação da indústria e lembrou também das limitações impostas por uma legislação ambiental antiquada e dúbia.

"A celeuma com relação ao ambiente prejudica excessivamente os produtores, porque não há regras claras. Não consegue saber se está certo ou errado, com uma legislação ultrapassada. Talvez este seja o grande gargalo para os produtores independentes," disse Perina durante sua fala no seminário.
Um novo código ambiental é discutido há anos no Congresso, e os debates que se intensificaram no Parlamento antes das eleições perderam força com o processo eleitoral.
Fonte: Portal Reuters News

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