quarta-feira, 13 de outubro de 2010

FALTA DE INVESTIMENTOS NO SETOR VAI REDUZIR OFERTA DE AÇÚCAR E ETANOL EM 2011

O setor sucroalcooleiro sofrerá, na safra 2011/2012, uma segunda onda dos efeitos da crise mundial, que se aprofundou em 2008 e prosseguiu em 2009. Há dois anos, a falta de liquidez financeira quebrou usinas no Brasil e gerou uma série de fusões e incorporações de companhias. Aquele momento deixou como herança a ausência de investimentos em tecnologia nas lavouras e a freada na expansão no setor de bens de capital que, agora, terão impacto na oferta de cana, etanol e açúcar no Centro-Sul do País.
A crise de matéria-prima só não chegou antes porque a atual safra 2010/2011 foi beneficiada pela oferta extra de cana que deixou de ser cortada no ciclo passado, devido às chuvas que atrasaram a colheita no segundo semestre de 2009. Até 70 milhões de toneladas, 13% de toda a oferta do Centro-Sul, o equivalente a uma safra da Tailândia, só foram processadas em 2010. Mas neste ano, com a estiagem prolongada e o avanço na colheita, a oferta de “cana bis”, como é chamada, será irrisória em 2011/2012, em torno de 15 milhões de toneladas.
Na avaliação do setor, além da carência de investimentos no trato e na expansão das lavouras e da pequena oferta de “cana bis”, a próxima safra também será restringida pela estiagem deste ano e pelas queimadas acidentais em lavouras em formação ou recém-colhidas.
Maior grupo sucroalcooleiro do País, a Cosan Açúcar e Álcool deve moer 60 milhões de toneladas de cana nesta safra, das quais 13%, ou 7,8 milhões de toneladas vieram da safra passada. Outro gigante do setor sucroalcooleiro, o Grupo São Martinho deve processar toda a oferta de cana da safra 2010/2011 até novembro.
Para Guilherme Dumit, diretor da Tonon Bioenergia, o impacto da falta de investimentos no setor foi muito maior na restrição da oferta do que o clima. De acordo com o empresário Vitor Wanderley Júnior, do Grupo Coruripe, o crédito farto ao setor voltou, mas há restrições para a concessão dos recursos. Ele avalia que, com isso, muitas usinas vão aproveitar os bons preços do açúcar para conseguir capital de giro, o que pode reduzir da produtividade.

Fonte: Correio do Estado- Gustavo Porto (AE)

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