segunda-feira, 19 de outubro de 2009

VAZAMENTO DE AMÔNIA DEIXA 47 INTOXICADOS EM GOIÂNIA

Uma fábrica de alimentos em Nova Veneza, município próximo de Goiânia, foi interditada pós um vazamento de amônia. Segundo o Corpo de Bombeiros, 47 funcionários da fábrica, especializada em avicultura e pecuária, ficaram intoxicados e foram socorridos aos prontos-socorros da região. Pelo menos três estão em estado grave.  A empresa, que não possui aprovação de funcionamento do Corpo de Bombeiros, tentou conter o vazamento. Devido ao grande número de funcionários que passaram mal, os bombeiros foram acionados. O vazamento ocorreu em uma câmara de refrigeração. UOL Notícias, 16/10/2009.
Para que possamos entender melhor certos acidentes, vejamos abaixo algumas características deste gás, ou líquido. 
 
PROPRIEDADES:
  1. Gás, ou líquido incolor detectado facilmente em pequenas concentrações no ar, 05 [ppm], devido ao forte odor sui generis (intensamente irritante e agudo); Mais leve que o ar; facilmente liquefeito sob pressão, densidade do líquido a 0 [°C]: 0,77;
  2. Pressão de vapor do líquido a 20 [°C]: 8,5 [atm] ou 0,8612625 [MPa];
  3. Ponto de ebulição (1.013 bar): 33,5[°C];
  4. Ponto de congelação:  –77,7 [°C]
  5. Ponto de fusão - 78 [°C]
  6. Calor latende de fusão (1.013 [bar], ponto tripo): 331,37 [kJ/kg]
  7. Calor latende de vaporização: (1.013 [bar] no ponto de ebulição): 1371,2 [kJ/kg]
  8. Pressão do vapor (a 21 C] ou 70 [°F]): 8,88 [bar]
  9. Peso Molecular - 17,03 [g/mol]
    PONTO CRÍTICO:

    • Temperatura Crítica: 132,4 C]
    • Pressão Crítica: 112,8 [bar]
     FASE GASOSA

        * Densidade do Gás (1.013 [bar] no ponto de ebulição): 0,86 [kg/m3]
        * Densidade do Gás (1.013 [bar] e 15 [°C] (59 [°F])):      0,73 [kg/m3]
        * Fator de compressibilidade (Z) (1.013 [bar] e 15 [°C] (59 [°F])):  0,9929
        * Densidade (ar = 1) (1.013 [bar] e 21 [°C] (70 [°F])):  0,597
        * O volume específico (1.013 [bar] e 21 [°C] (70 [°F])):   1,411 [m3/kg]
        * Capacidade térmica à pressão constante (Cp) (1.013 [bar] e 15[°C] (59[°F])): 0,037 [kJ/  (mol.K)]
        * A capacidade de calor a volume constante (Cv) (1.013 [bar] e 15 [°C] (59 [°F)]): 0,028 [kJ / (mol.K)]
        * Viscosidade (1.013 [bar] e 0 [°C] (32 [°F])): 0,000098 [Poise]
        * A condutividade térmica (1,013 [bar] e 0 [°C] (32 [°F])): 22,19 [mW / (mK)]

    DIVERSOS

        
    * Solubilidade em água (1.013 [bar] e 0 [°C] (32 [
    °F])): 862 [vol / vol]
        * Temperatura de auto-ignição: 630 [°C]
    GRÁFICO DA CURVA DE PRESSAO DO VAPOR:
    No gráfico, a pressão esta em bar ou 0,1 MPa, a temperatura em K ou ° C. O ponto crítico é indicado por ponto sobre a curva de equilíbrio líquido-vapor.
      ORIGEM:
    • (Do gás de síntese (CO + H2)*.   A síntese conduzida até uma pressão de 100 [atm], ou 10,1325 [MPa] e temperatura acima de 700 [°C]. O catalisador geralmente utilizado é produzido por fusão de óxido de ferro (Fe3O4), contendo óxidos de alumínio e potássio como promotores, seguido pela redução do óxido. A velocidade de absorção química na superfície do catalisador é controlada;
    (*) O gás de síntese (“synthesis gas”, “syngas”) é um combustível ou insumo químico que contém, em peso, 50 a 60 [%] de hidrogênio e 40 a 50 [%] de monóxido de carbono.
    • O amoníaco ou amônia é um gás, ou líquido, cuja molécula é constituída por um átomo de Nitrogênio (N) e três átomos de hidrogênio (H) de formula molecular (NH3), cuja formula estrutural é:
    A molécula não é plana, apresenta geometria piramidal. Esta geometria ocorre devido à formação de orbitais híbridos sp³. Em solução aquosa se comporta como uma base transformando-se num íon amônio, (NH4+), com um átomo de hidrogênio em cada vértice do tetraedro.


    UTILIZAÇÃO E APLICAÇÕES:
    • Na indústria como agente refrigerante;
    • Agente de neutralização na indústria do petróleo;
    • Na tempera dos aços;
    • Combustível de foguete;
    • Produção de polpa de madeiras;
    • Na condensação catalítica de polímeros;
    • Preservativo do látex;
    • Fertilizantes, puro ou sob a forma de compostos. Na agricultura, através de seus derivados (nitrato de amonia, uréia), como fertilizante é facilmente absorvido pelas plantas, é biodegradável e fecha o ciclo do nitrogênio;
    • Fabricação do ácido nítrico e hidrato de hidrazina, ácido cianídrico;
    • É uma substância produzida em grandes quantidades por sociedades químicas. 
      É matéria-prima para a fabricação de ácido nítrico
      É um fluido de refrigeração usada em vez clorofluorcarbonos (CFC), em alguns frigoríficos.
     PERICULOSIDADE:
    • Inalação e contato corporal. Vapores altamente tóxicos, irritantes e corrosivos com tolerância de 50 [ppm], no ar. A ingestão tem sintomas como náusea e vômitos, causando danos aos lábios, boca e esôfago (dificuldades respiratórias, broncoespasmo, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe), dor no peito e edema pulmonar. Em soluções concentradas, em contato com a pele, produz queimaduras severas e necroses. Em baixas concentrações 10 [ppm], resulta em irritação ocular e lacrimejamento, em concentrações maiores pode causar conjuntivite, erosão na córnea e cegueira temporária ou permanente.
    • A exposição a concentrações acima de 2.500 [ppm] por aproximadamente 30 [min] pode ser fatal. Odor: Pungente, Irritante;
    • Perigo moderado de incêndio. Limites de inflamabilidade no ar (condições STP): 15-30% vol
    • É explosivo quando a condensação atinge valores entre 16 e 25 [%] no ar. Forma compostos explosivos em contato com a prata e o mercúrio;
    CAUSAS E ACIDENTES: 
    Equipamentos de processo entram em risco de acidentes por determinadas condições, que de maneira genérica, geram uma cadeia de coincidência de erros aleatórios, podemos citar:
    • Problemas que se iniciam na execução do projeto;
    • Erros ou falhas de fabricação;
    • Falha ou ausência de manutenção no equipamento (NR-13, item 13.9 e subitens), veja aqui a NR-13;
    • Tipos de corrosão apresentadas. Vale lembrar que alguns tipos de corrosão podem não estar propriamente no vaso, mas nos equipamentos que o constituem, (compressor, tubulações, bombas, etc.). Devem portanto ser avaliados criteriosamente pela manutenção de fábrica;
    • Funcionamento incorreto ou travamento, em acessórios de pressão e temperatura, decorrente de ausência de manutenção, ou manutenção executada por empresa não qualificada para tal. Cabe lembrar, que todos acessórios que de maneira direta, (válvulas de alívio e pressão, válvulas de purga, válvulas de desvio de processo, manômetros e termômetros locais e remotos, dentre outros) interferem na operação do equipamento, quando colocados em manutenção, devem ser descritos no livro de registro de segurança do equipamento contendo o nome da empresa executante e número do certificado com data de execução, para efeito de rastreabilidade. Os certificados devem ser arquivados e mantidos separadamente, e apresentados quando da inspeção periódica do equipamento,
    • Falha ou ausência de inspeção periódica (determinada pela NR-13);
    • Problemas de instalação, tais como (NR-13 – item 13.7);
    • Excesso de vibração no sistema, que pode levar a sua falência prematura.
    • Problemas operacionais e falta de procedimentos de operação(NR-13, item 13.8 - subitem 13.8.4 e 13.8.6).
    PRECAUÇÕES EM INSTALAÇÕES:
    • Todos os equipamentos do sistema de refrigeração devem ser adequadamente dimensionados e instalados, além de testados antes de sua operação. É essencial que os componentes, inclusive tubulações, sejam devidamente sinalizados, identificados e com pintura dentro das especificações da ABNT.
    • Condensadores, compressores, outros vasos, evaporadores e bombas devem estar equipados com válvulas de alívio de pressão. Os compressores devem ter controle de baixa pressão e dispositivo de limitação da pressão. As tubulações podem ser de ferro ou aço; zinco ou cobre são proibidos para instalações contendo amônia;
    • A armazenagem de amônia deve ser feita preferencialmente em área coberta, seca, ventilada, com piso impermeável e afastada de materiais incompatíveis, recomendando-se a instalação de diques de contenção.
    • É essencial que se definam cuidados especiais com os cilindros e tanques de amônia, inclusive no seu abastecimento.
    • Considerando o risco envolvido, todas as instalações onde existe amônia devem sofrer processo periódico de inspeção para verificação de suas condições. Recomenda-se uma inspeção visual em todos os pontos críticos (soldas, curvas, junções, selos mecânicos), pelo menos a cada três meses;
    • Tanques e reservatórios devem passar por inspeção de segurança completa, nos prazos máximos previstos na legislação (NR-13);
    • Todos as etapas da manutenção do sistema devem ser cuidadosamente especificadas e adequadamente registradas, definindo-se procedimentos específicos para operações de risco, tais como a purga de óleo do sistema, a drenagem de amônia e a realização de reparos em tubulações;
    • Cuidados especiais devem ser tomados quanto à instalação da casa de máquinas, que deve ser localizada de preferência em edificação separada.   Inexistindo essa possibilidade e havendo necessidade de se mantê-la na mesma edificação onde coexistam outras atividades administrativas ou de produção, a casa de máquinas deverá ser instalada fora do prédio, com o máximo de paredes exteriores possível;
    • Uma ventilação adequada é fundamental e, nos casos de ambientes fechados, o pé-direito deve ser, no mínimo, de 4 metros, existindo pelo menos 2 saídas de emergência. É essencial a existência de detectores de vazamento no local;
    • As descargas dos dispositivos de alívio de pressão devem localizar-se em altura e distante de portas, janelas e entradas de ar – o ideal é mantê-los acima do telhado e pelo menos a 5 metros acima do nível do solo e a mais de 6 metros de distância de janelas, entradas de ar ou portas;
    • Possuir sistema de alarme, audível em todo o local de trabalho, com pontos de acionamento nas áreas comuns de acesso dos pavimentos, bem como, nos locais de trabalho, de vias de fuga sinalizadas e desobstruídas para a rápida retirada do pessoal em serviço em caso de vazamentos de amônia ou incêndios;
    • Dotar o sistema de compressores de amônia de dispositivo de parada de emergência, automático e/ou manual, que possa ser acionado em caso de emergência, desligando todo o sistema simultaneamente;
    • Dotar a “casa de máquinas” do sistema de refrigeração industrial com máscara autônoma para utilização em caso de emergência, a qual deverá ser acondicionada em armário próprio sinalizado. Passar por inspeção mensal anotada em ficha própria, treinando-se todos os trabalhadores do setor de refrigeração para seu uso;
    • Possuir e implantar plano de alerta e evacuação para situações de vazamento de amônia e combate ao fogo, que deverá constar do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) - NR9, realizando-se exercícios de simulação, pelo menos, semestralmente;
    • Equipamento que permita monitoração quantitativa contínua das concentrações de amônia nos ambientes de trabalho;
    • Prever, no PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) NR-7, ações de saúde relativas à prevenção e ao atendimento de vítimas de vazamento de amônia.
    Veja aqui, os aspectos da Amônia líquida.
    Veja aqui, a ficha de Informações de Segurança da Amônia
    Referencias:
    UOL noticias
    Encyclopedia airliquid 
    Produtos  Químicos Agerssivos, Dra. Aurora C. G. Albanese
    * Ao copiar este, parcial ou integral, faça a citação da fonte e do autor. Agindo assim você institui a ética e garante a integridade do seu artigo. *

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário